27/07/2016 15h45

Dia Nacional de Combate e Prevenção ao Acidente de Trabalho

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“As mãos que cuidam, merecem cuidado!”

27 de julho – Dia Nacional de Combate e Prevenção ao Acidente de Trabalho

Hoje, 27 de julho, dia Nacional de Combate ao Acidente de Trabalho, comemoramos o surgimento de serviço obrigatório de segurança e medicina em empresas com mais de 100 funcionários. E é nesta data pioneira, que decidimos relembrar uma das principais conquistas dos trabalhadores da saúde – a NR- 32. 

Até poucas décadas os profissionais da saúde não eram considerados como categoria de alto risco para acidentes de trabalho.

Com a epidemia de AIDS na década de oitenta, passou-se a discutir altos riscos de contaminação para os profissionais, porém, os debates só ganharam força a partir dos anos noventa, resultando na criação de uma legislação especifica de proteção dos trabalhadores da área de saúde – A NR 32.

A Norma Regulamentadora, tem por finalidade estabelecer as diretrizes básicas para implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral.

Porém, mesmo diante do surgimento de uma norma especifica, em 2015 o setor liderou o segundo lugar no ranking de acidentes, doenças ocupacionais e mortes em decorrência do trabalho.

Para esclarecer, O SUEESSOR conversou com Técnicos de Saúde e Segurança do Trabalho de alguns dos principais hospitais da região de Osasco, e eles enumeraram alguns pontos  podem estar contribuindo com o crescimento desses dados. Para tanto, com medo de represálias por parte das empresas, manteremos os nomes de nossos entrevistados sob absoluto sigilo (X e Y).

Problemas de gestão e infraestrutura x Sobrecarga

É cada vez maior o número de pacientes que os profissionais precisam atender durante os plantões. Isso se deve ao crescente número de convênios atendidos nos hospitais de gestão privada, que com o objetivo de lucrarem com o aumento da demanda, licita diversas operadoras, porém, em sua grande maioria, não possuem estrutura para administra-la, ou seja, faltam funcionários, equipamentos, leitos, etc.

A falta de mão de obra é uma reclamação recorrente dos trabalhadores. São poucos profissionais para o número de pacientes, e eles precisam se desdobrar, correr, fazer, acontecer, o que acaba gerando certa desatenção e consequentemente o acidente” – declarou (X).

Jornadas de Trabalho Excessivas

Os baixos salários, também são fatores predominantes neste universo, pois forçam o trabalhador a ter mais de um emprego, colocando-os sob alta pressão e situações de grande estresse por conta do cansaço e da responsabilidade.

Por isso a importância de se estudar a viabilidade de projetos de lei como as 30 horas e descanso para os profissionais da saúde. Com leis assim vigorando, sem dúvidas contribuiriam com a prevenção de acidentes.

Medo

Ainda com tantos riscos no setor, ainda não é possível mapear problemas decorrentes destes fatores, podendo estes serem atribuídos à falta de planejamento das instituições / empresas, falhas nas medidas de prevenção adotadas, como também, pela falta de abertura da Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT.  

“Na minha visão a omissão é um fator determinante nestes casos e percebemos que isso ocorre muitas vezes por conta do medo dos trabalhadores, talvez de serem demitidos ou até mesmo de descobrirem que estão contaminados. Portanto, ocorre o acidente e muitas vezes ficamos sabendo dias depois” – exemplificou (Y) quando questionado sobre a falta de CAT’S.

 O Super Herói

“A certeza do isso não acontece comigo, é algo muito presente no dia a dia do trabalhador da saúde. Muitas vezes pela correria ou até mesmo pela segurança criada por conta dos anos de experiência” – ressaltou (X).

De acordo com os técnicos de segurança do trabalho, são feitos treinamentos sobre a NR-32, o uso de EPI’S e a importância da abertura das CAT’S, porém, em sua maioria não surtem o resultado esperado.

Uma visão geral

Para o SUEESSOR, é fato que ainda estamos engatinhando ao que se refere a prevenção, e que existem diversos fatores que desencadeiam outros. Porém, não se pode culpar o trabalhador por problemas de gestão e falta de infraestrutura. 

Toda profissão deve dispor de organização adequada com suas atividades, obrigações, responsabilidades e direitos. Para tanto, é necessário seguir o código de ética que a rege, porém, este simplesmente é ignorado pelos empregadores quando se trata de fornecer recursos aos seus funcionários para o exercício adequado de suas funções.

Em relação ao conhecimento quanto aos riscos e combate-los, uma alternativa é exigir que não só as empresas realizem esse tipo de capacitação, mas as escolas que formam os profissionais, tratar com mais importância essa matéria em sua grade curricular. Para que isso aconteça, basta haver interesse dos órgãos fiscalizadores e também do pode público.

Outro fator importante é haver uma nova conscientização sobre o uso das CIPAS – Comissão Interna de Prevenção a Acidentes de Trabalho. Pois, embora estas estejam presentes nas instituições, são pouco atuantes. Portanto, é necessário reestruturar os treinamentos dos cipeiros e conscientizá-los sobre a real importância do seu trabalho.

E o Sindicato?

Cabe ao Sindicato apurar denuncias e leva-las aos órgãos competentes, por exemplo, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE.) e Ministério Público.

Porém para que isso aconteça, é necessário que a categoria tenha coragem e denuncie. O Sindicato garantirá sigilo absoluto quanto a identidade do trabalhador.

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