Terceirização em pauta
O sindicato participou de um Simpósio realizado em Brasília/DF, que tratou da questão da terceirização, corrupção e precarização de direitos do trabalhador.
Coincidentemente na tarde de abertura do Simpósio na semana passada, o senado se preparava para votar a favor ou não da terceirização na legislação trabalhista proposta pelo governo de Michel Temer – em junho deste ano.
Após manifestações realizadas por centrais sindicais, sindicatos e trabalhadores, a votação não aconteceu. Sem dúvidas, um fato que trouxe alívio aos participantes do simpósio, porém, também muita preocupação já que estamos tão próximos de um grande retrocesso aos direitos dos trabalhadores e nossa conduta para impedi-lo simplesmente “parece andar em círculos” – como declarou o vice-presidente do SUEESSOR, Antonio Gervásio Rodrigues, durante seu discurso na mesa que tratou das ações sindicais de enfrentamento à expansão da terceirização no serviço público e empresas privadas.
Assista na integra o discurso do vice-presidente:
Questão de Opinião
Convidado pela comissão organizadora do simpósio a compor a mesa que tratou dasações sindicais de enfrentamento à expansão da terceirização no serviço público e empresas privadas, o vice-presidente do sindicato, Antonio Gervásio Rodrigues em entrevista ao Jornal do SUEESSOR, fez uma análise geral do evento e falou sobre soluções que podem auxiliar na mudança desse quadro caótico que os trabalhadores brasileiros atravessam neste momento.
Jornal SUEESSOR – Como o senhor avalia o simpósio?
Antonio Gervásio Rodrigues – Em sua totalidade, positivo, porém é importante ressalvar que essa discussão vem acontecendo há anos e infelizmente à impressão que nos dá é que estamos andando em círculos, sem propostas e principalmente ações que resolvam efetivamente o problema.
J.SUEESSOR – O que o senhor julga ser uma proposta e/ou ação efetiva para solução do problema?
Gervásio – É importante ressaltar que este simpósio é um caminho, porém não será somente com essa discussão que vamos resolver o problema de desmonte dos direitos que vem acontecendo há anos com a omissão dos trabalhadores e do Congresso Nacional, com o supremo se aproveitando deste espaço vago, legislando contra a tudo que conquistamos.
Enfim, eu acredito que o caminho para tornar essa discussão em ações eficazes é investir politicamente, porém para que isso aconteça, temos de mudar a mentalidade das entidades representantes dos trabalhadores.
J.SUEESSOR – Que tipo de investimento político o senhor se refere?
Gervásio – Quando falo em investimento político, quero dizer que para nossas discussões virarem ações, é necessário existir um viés político.
Por exemplo, hoje, os sindicatos fazem política indicando seus próprios dirigentes para cargos públicos. Eu entendo que essa discussão deveria ser remetida para a classe trabalhadora que faz parte do conjunto da sociedade organizada e devemos adentrar neste cenário com objetivo de tirar indicações de candidatos.
Como fazer isso? Através de associações de bairros, clubes, associações militares, etc.
Partindo deste ponto, passaríamos a incentivar e ensinar esses interessados (candidatos) a fazer politias eficazes que visem um contexto geral e que supram as suas necessidades de classe.
Esta formação seria feita pelos sindicatos, porém, é um projeto a ser estudado, estruturado, viabilizado, ou seja, em médio e longo prazo.
J.SUEESSOR – E para agora? O que seria uma saída para impedir mais “machucados” na legislação trabalhista incluindo a terceirização?
Gervásio – Em primeiro lugar devemos analisar se esta discussão é ética e legal? Ora, se até o próprio Estado terceiriza.
Enfim, como se trata de uma discussão emblemática que envolve a todos (sindicatos / justiça) uma excelente alternativa seria uma pauta de luta unificada, cujo objetivo, se encaminhe para a possibilidade de uma greve geral.
J.SUEESSOR – Dentro deste cenário, quais os caminhos do SUEESSOR como representante dos profissionais da saúde?
Gervásio – O SUEESSOR sempre foi e será um sindicato de propósitos. No ano que vem, daremos nosso primeiro passo ao projeto de formação política a todos os trabalhadores que queiram participar deste processo. Acredito que qualquer um possa aprender a fazer o que chamo de “boa política”, basta ser orientado de forma correta.
J. SUEESSOR – Uma mensagem aos trabalhadores?
Gervásio – Sim. De acordo com Paulo Freire “quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser opressor”.
“Essa luta política não significa dizer que este velho propositor chegue ao final, mas, mesmo ficando pelo caminho, acredito que sempre terá um alguém, um trabalhador, que possa conclui-la”.