13/07/2015 14h50

“A luta do movimento sindical é pela vida: da sociedade, das famílias e das nações”, afirma Lorenzo Carrasco

Jornalista mexicano comentou o que considera ser a missão do movimento sindicalista mundial durante Seminário de Formação Política da CSB

“O mundo do trabalho é superior ao mundo do capital”. A frase do ex-presidente dos EUA Abraham Lincoln foi uma das principais citações que nortearam a explanação do jornalista mexicano, Lorenzo Carrasco, durante o Seminário Nacional de Formação Política da CSB, que aconteceu na segunda-feira (6).

Convidado para fortalecer as relações entre o movimento sindical da América Latina, o jornalista forneceu um breve panorama global sobre a situação dos trabalhadores de todo o mundo ao relembrar a crise mexicana de 1982 e exaltar a decisão tomada pela Grécia, no referendo do último domingo (05/07), de não se submeter às condições de austeridade impostas pela União Europeia. De acordo com Carrasco, “chegamos a maior de todas as crises” por causa do sistema de dívida estabelecido pela Inglaterra, no final do século XVII.

Jornalista mexicano comentou o que considera ser a missão do movimento sindicalista mundial durante Seminário de Formação Política da CSB.

Jornalista mexicano comentou o que considera ser a missão do movimento sindicalista mundial durante Seminário de Formação Política da CSB.

“Nós estamos vivendo um novo sistema colonial que necessita ser reformado. Esse sistema se veio a questionar pela crise e decisão do povo grego. Nós temos que ver isso como parte, certamente, da luta que os sindicatos têm que fazer com relação ao sistema da dívida, porque isto é um problema”, ressaltou o dirigente.

Para Lorenzo Carrasco, o mandato do trabalho está na origem da civilização humana e precisa ser defendido pelo movimento sindical para que seja possível superar as medidas de aumento da taxa de juros. Segundo o dirigente, se mais de 50% do orçamento for destinado a manter o sistema da dívida, “estamos na situação grega”.

Luta sindical

Durante sua fala, Carrasco promoveu uma reflexão sobre a relevância do trabalho para dignificar o homem como um ser complexo e completo. Ao citar partes da história americana, Carrasco afirmou que o continente enfrenta o equivalente à luta pela abolição da escravatura. “A escravidão está estabelecida pelo sistema da dívida, que está escravizando a humanidade inteira”, esclareceu.

De acordo com ele, o raciocínio é lógico. “Quais são os direitos inalienáveis? A vida, a liberdade, a busca da felicidade. Sem trabalho: sem vida, sem liberdade. O trabalho é um direito que antecede todos os direitos”, declarou Carrasco.

Para explicar a relação entre o compromisso da luta sindical e o conceito de liberdade, o representante mexicano fez uma alusão à Marcha sobre Washington por Trabalho e Liberdade de 1963, encabeçada por Martin Luther King – personalidade relevante na luta pela igualdade racial nos EUA, famoso pelo seu discurso no Estado de Tennessee, onde disse a famosa frase: “Eu tenho um sonho”.

Em manifestação política pela justiça social, a marcha que reuniu mais de 250 mil pessoas foi organizada, segundo o dirigente, por Philip Randolph, um sindicalista.

“Cito isso porque [este fato histórico] nos coloca uma responsabilidade muito importante”, explica o dirigente, e declara: “Eu não creio que a luta do movimento sindical é por trabalho. A luta do movimento sindical é pela vida; pela vida da sociedade, pela vida das famílias e pela vida das nações. Isso nos dá um parâmetro do tipo de luta que o movimento deverá enfrentar para ter uma vitória. Esta é a missão desta nova época”.

Brasil-México

Carrasco também destacou a importância do Fórum Brasil-México. “México e Brasil são as duas maiores nações da América Latina e se ganha muito com esses países colocados juntos. O Fórum é a maneira de debater livremente opiniões e reunir pessoas que tenham interesses e ideais para podermos iniciar um formato de ação para os movimentos sindicais”, disse Carrasco.

Em entrevista, o jornalista traçou paralelos entre as conjunturas políticas e econômicas, e as lutas sindicais de ambos os países. Segundo Lorenzo Carrasco, “a situação econômica do México é igual a do Brasil. Simplesmente são fases diferentes de uma mesma política, da qual algumas das características são: a violação dos direitos trabalhistas e a flexibilização da legislação do trabalho. Essas são questões refletidas nos dois países”.

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