Apesar da crise, número de contratações supera demissões no setor de TI
Segundo dados do Caged, segmento registrou saldo positivo do emprego formal em 3.319 mil
Na contramão das altas taxas de desemprego, resultado do debilitado nível da atividade econômica diante do cenário recessivo, o setor de Tecnologia da Informação registrou resultado positivo do emprego formal em 3.319 mil postos entre janeiro e julho de 2015. Os dados foram divulgados pelo Cadastro Geral de Empregos e Desempregados (CAGED) e evidenciam o saldo líquido das movimentações do mercado de trabalho, isto é, o número de contratações menos o de desligamentos, em todo o Brasil.
Apenas em São Paulo, principal responsável pelo efeito favorável da movimentação no setor de TI, foram mantidos 2.604 mil postos de trabalho. De acordo com análise elaborada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), o estado figura no topo do ranking sobre o fluxo do emprego para trabalhadores em empresas de Tecnologia da Informação no País, sendo Santa Catarina, com uma diferença de 1.440 mil, o segundo estado com saldo positivo (1.164).
Os números do CAGED, em que se consideram todos os demais segmentos da economia, apontam que no Brasil foram fechados 494.386 mil postos de trabalho nos primeiros sete meses do ano; somente em julho foram 158 mil, sendo este o quarto mês consecutivo de movimentação negativa na economia nacional.
O ritmo de crescimento do setor de TI, um dos poucos em que as admissões prevaleceram, continua à frente do projetado para o PIB nacional que, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), recuará 2,8% em 2015, enquanto que a previsão para o mercado de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) é de crescimento na ordem de 5%, com perspectiva de movimentação financeira na casa dos US$ 165,6 bilhões, conforme prognóstico da International Data Corporation (IDC), divulgado no primeiro semestre do ano.
“Temos afirmado que o setor é superavitário com conhecimento de causa. As tendências apontam que esta realidade tende a continuar nos próximos anos. Diferente do que acontece em outros segmentos, Tecnologia da Informação continua associada à concepção de pleno emprego, cuja manifestação não se esgota no preenchimento dos postos de trabalho, ao contrário, tem ressonâncias no grau de investimento do setor”, afirmou Antonio Neto, presidente do Sindpd (Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados e Tecnologia da Informação do Estado de São Paulo) e da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros).
Segundo Neto, o ponto de análise do cenário favorável é o volume de acordos de Participação nos Lucros e/ou Resultados firmados com as empresas de TI em 2015. O programa, cuja apresentação tornou-se obrigatória na Convenção Coletiva de Trabalho deste ano, além de contribuir à valorização e retenção dos recursos humanos, é importante sinalizador da partilha dos rendimentos do setor. Desde o começo do ano, o Sindpd firmou aproximadamente 1 mil acordos de PLR, que devem beneficiar mais de 70 mil trabalhadores do setor. Segundo levantamento do Sindicato, nesta amostragem há empresas que estão procurando a Entidade para repactuar acordos, já que os resultados ultrapassaram as metas corporativas.
O setor também registra avanço na geração de vagas. De acordo com a consultoria Catho, o segmento de Tecnologia da Informação registrou um aumento de 44,2% na demanda, considerando o primeiro semestre do ano. Somente no mês de junho foram abertas 10.105 oportunidades de trabalho, um aumento de 3.640 em relação ao mesmo período de 2014. Segundo análise da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), há um déficit de 45 mil profissionais, soma que chega a 35 mil apenas em São Paulo.
O balanço positivo se evidencia a pouco menos de um mês do início do processo de negociação da Campanha Salarial 2016 da categoria de TI no estado de São Paulo, com data-base em janeiro, cujo marco inaugural é o Seminário de Pauta, evento que oferece à diretoria diferentes perspectivas e análises sobre o setor, de modo a desenvolver a agenda de prioridades da categoria para o próximo ano.