Ato das centrais pela democracia é contraponto a manifestações golpistas, diz professor
São Paulo – O professor de Ciência Política da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Francisco Fonseca, em entrevista àRádio Brasil Atual, considera importante o ato nacional organizado pelas centrais sindicais e movimentos sociais, marcado para amanhã (13), em defesa dos direitos dos trabalhadores, Petrobras, democracia e reforma política. Para ele, o ato significa um contraponto ao movimento da direita que quer golpear a democracia e convoca mobilização para domingo (15). O cientista político afirma ainda que a classe média que protagonizou o “panelaço” no último domingo (8) não suporta a ideia de igualdade. “Estas classes médias não aceitam a ideia uma sociedade mais justa, mais igualitária”, diz.
“Isso torna o debate político claramente marcado entre um grupo que quer democracia e direitos e outro que quer autoritarismo e privilégios. Me parece fundamental que os trabalhadores e os movimentos populares se mobilizem em defesa de direitos, do desenvolvimento econômico e social, do patrimônio público, e em defesa da democracia”, afirma Fonseca.
Em sua opinião, o termo “panelaço” para definir o que a classe média brasileira fez, é errado, e comenta a disputa simbólica em torno do termo: “É uma expressão popular, que tem a ver com a ausência de condições de sobrevivência. A panela vazia é este exemplo. Quem mora no Morumbi, Perdizes, Campo Belo, para dar alguns exemplos de São Paulo, não está com problema de panela vazia”. O professor destaca ainda que o protesto não foi uma mobilização de rua e ficou restrito às varandas de apartamentos de áreas nobres.
A manifestação de domingo, da direita, pela análise do cientista político está sendo fortemente amplificada pela mídia. “Estão jogando lenha na fogueira”, diz Fonseca. O professor contesta a capacidade de mobilização de tais segmentos das classes médias, diz que, ainda assim, o movimento é legítimo, “mas o inaceitável é querer quebrar a democracia”.
Para o professor, está-se tentando fazer no Brasil uma espécie de polarização ao estilo da Venezuela, mas ele lembra que, no país vizinho, houve mudanças sociais e constitucionais significativas, diferentemente do que acontece por aqui. “É muitíssimo diferente do Brasil, em que os governos Lula e Dilma são governos de conciliação, de pacto político entre classes”, afirma, cobrando a oposição. “Tem que ter projetos, propostas, críticas e alternativas, e não apoiar processos de impeachment e golpistas.”