Autoridades se manifestam sobre atuação da Máfia das Próteses
Autoridades policiais e entidades ligadas à área da saúde se manifestaram nesta segunda (5) sobre a atuação da máfia das próteses.
No Rio Grande do Sul, o Conselho Regional de Medicina abriu uma sindicância para investigar os profissionais envolvidos no esquema de fraudes.
“É importante que se diga a ação do conselho se limita ao médico. Eu sou obrigado a só chamar o médico pela lei e apresentar pra ele o problema e ouvir sua defesa. E depois fico tentando receber outras provas concretas para poder analisar e tomar uma posição”, afirma Fernando Weber Matos, presidente do CREMERS.
A reportagem do Fantástico mostrou que a máfia das próteses criou uma indústria de liminares para autorizar a realização de cirurgias desnecessárias. Há quatro meses, a Polícia Civil gaúcha investiga o uso de ações judiciais para forçar os planos de saúde a bancar essas cirurgias. Laudos, depoimentos e pericias revelaram pelo menos 15 procedimentos desse tipo que, segundo os policiais, envolvem vários médicos.
“Estamos trabalhando com três tipos de suspeita: a primeira, é a efetiva necessidade do uso daquela prótese; depois, o valor dessa prótese a ser usada; e por fim, se após esses fatos todos, de fato ocorreu intervenção cirúrgica.”, explica Daniel Mendelsky Ribeiro, delegado de polícia.
Já a direção do hospital Dom João Becker de Gravataí, onde trabalhava o médico Fernando Sanchis, afirmou que vai abrir uma sindicância interna.
Direção do hospital anunciou que vai encaminhar denúncias ao CRM e à Justiça
Na reportagem do Fantástico, Fernando Sanchis admitiu que pode ter assinado laudos em nome de outros médicos, para que a Justiça autorizasse cirurgias.
Fantástico: O senhor reconheceu que pode ter assinado em nome de outros médicos.
Fernando Sanchis: Mas com conhecimento dele, sempre. Ele trabalha junto com nós.
O médico que aparece nos orçamentos negou ter autorizado a assinatura. A direção do hospital anunciou que vai encaminhar denúncias contra Fernando Sanchis ao Conselho Regional de Medicina e à Justiça.
“Para buscar todos os ressarcimentos possíveis, tanto pro ente público, quanto pro hospital, que tem a sua imagem vinculada a uma prática ilegal, e isso seguramente requer algum tipo de ressarcimento e correção”, defende o diretor do hospital Dom João Becker de Gravataí Oswaldo Luis Balparda.
Diante das denúncias sobre a máfia das próteses, o presidente da Associação Médica Brasileira faz uma recomendação aos pacientes.
“Todo doente, se puder, é bom que ele tenha, especialmente se ele for se submeter a um procedimento cirúrgico mais complexo, ouve um, ouve outro, eventualmente uma terceira opinião”, diz o presidente da Associação Médica Brasileira Florentino Cardoso.
Ministérios da Saúde e da Justiça pretendem criar grupo de trabalho
Além das investigações anunciadas, os ministérios da Saúde e da Justiça pretendem criar um grupo de trabalho que terá até seis meses para apresentar uma proposta de controle mais rígido dos pedidos de cirurgia e do mercado das próteses.
“Pretendemos fazer uma correção profunda da estrutura que envolve desde a questão da importação, registro, aquisição, é, diretrizes de acesso, diretrizes clínicas para o uso dos dispositivos médicos, transparência nos preços praticados”, declarou o ministro da Saúde Arthur Chioro.
“Quem lesa o povo brasileiro da forma como está sendo lesado responderá e é por isso que o Governo Federal declara guerra a estas máfias e para isso, para combate-las, nós precisamos do apoio da sociedade, denunciem, utilizem o telefone 136 para nos dar notícias de irregularidades”, comentou o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo.