A cada duas horas, um trabalhador se acidenta na região
Um levantamento divulgado pela Secretaria de Saúde de Franca revela que no ano passado, foram registrados na região um acidente de trabalho a cada duas horas. A estatística tem por base os dados do Cerest (Centro de Referência da Saúde do Trabalhador) e leva em consideração as mortes, lesões e doenças que acometeram os trabalhadores de 22 cidades.
No total, foram 5.932 notificações, com dez mortes e outras cem lesões graves. No caso dos óbitos, estão também as ocorrências ocorridas durante o trajeto em acidentes de moto, carro e bicicleta. O relatório ainda aponta o registro de pouco mais de 1,1 mil lesões médias e 4,6 mil lesões leves. Entre os ramos com maior número de ocorrências estão os serviços, a indústria calçadista e a construção civil. Os homens estão envolvidos em 70% dos casos e a idade das vítimas varia de 20 a 40 anos.
Somente em Pedregulho, dois operários morreram em julho do ano passado quando trabalhavam na abertura de um loteamento. Eles foram soterrados após a terra ceder em uma vala de aproximadamente três metros.
De acordo com a Secretaria Municipal, os casos foram repassados pelas unidades de saúde e hospitais da região por meio do RAAT (Relatório de Atendimento ao Acidente de Trabalho). “Todas as unidades de saúde da rede pública e hospitais públicos e privados, ao receber um trabalhador acometido de acidente de trabalho, devem preencher esse protocolo e enviar a primeira via para o Cerest compilar os dados”, informou, via assessoria de imprensa.
Em nota, a pasta também esclareceu que o grau da lesão é diagnosticado pelo médico e que a região representa um grande número de ocorrências “devido todas as unidades estarem cientes da importância da notificação. Em outros locais, a estatística é baixa não devido a falta de acidentes, mas sim à falta de notificação”.
Para o coordenador do curso técnico de segurança do trabalho do Ctec (Cursos Técnicos de Franca), Romilson Canuta dos Santos, na região de Franca a cultura de segurança no trabalho ainda é falha em muitas empresas e muitos trabalhadores não têm consciência da importância da prevenção. “A segurança é sempre vista como onerosa e não prioridade. Além disso, não existe o comportamento de usar equipamentos de segurança”.
Santos diz que na região, as principais ocorrências são de queda, lesões e prensamento de membros superiores, queimaduras e problemas de coluna. A respeito das causas dos acidente, ele aponta a falta de atenção, falta de manutenção de equipamentos e excesso de confiança. “Franca principalmente tem muita mão de obra artesanal, que lida com materiais cortantes, por isso as mãos, dedos e braços são sempre os mais lesionados”.