João Vicente Goulart destaca o legado do trabalhismo na história do Brasil
Filho do presidente Jango apontou a necessidade da retomada das reformas de base propostas pelo pai
Completando o painel “Herdeiros de Vargas”, apresentado no Seminário Nacional de Formação Política da CSB, João Vicente Goulart ressaltou a importância de debater o trabalhismo proposto por Getúlio Vargas e marcado na história dos brasileiros.
“Vargas proporcionou os grandes avanços para os direitos e as conquistas. Vemos alguns movimentos nos dias de hoje, quando o conservadorismo e os interesses internacionais estão conspirando contra a nossa democracia e o avanço dos trabalhadores, que conquistaram a liberdade”, alertou, salientando que um dos caminhos é reavivar os princípios das reformas de base propostas por Jango.
O filho do presidente João Goulart destacou que o trabalhismo, as reformas de base e as lutas da classe trabalhadora começam nas primeiras décadas do século 20, quando esta não tinha direito de reivindicar. “Vargas é o grande mentor de tudo isso, do Ministério do Trabalho, do salário mínimo, da CLT”, afirmou.
Diante do atual cenário político, econômico e social brasileiro, João Vicente aponta um panorama alarmante. “Nos preocupa sobremaneira a condução política que o País está tendo neste momento e o desdobramento que possa vir a ter quando todos os mecanismos de empresas multinacionais estão conspirando contra a democracia, nossa liberdade e os diretos dos trabalhadores brasileiros”, alertou.
“E essas mesmas forças que hoje se combinam contra a democracia, já em 1943 também o faziam quando o ministro João Goulart propõe o aumento de 100% na recuperação dos salários dos trabalhadores”, completou.
Entreguismo x soberania
A proteção da CLT, o combate ao retrocesso, o desenvolvimento da indústria e da tecnologia nacional, e a soberania do País são as bases getulistas para o progresso e a criação de um Brasil justo para seu povo segundo Vicente Goulart.
Para ele, a privatização das empresas nacionais é uma covardia ao povo brasileiro. “As empresas de telefonia remeteram em cinco anos mais de R$ 32 bilhões. Cedemos a Embratel covardemente”, criticou, lembrando que uma das reformas propostas por seu pai versava sobre a remessa de lucros.
Um país realmente desenvolvido, afirma o palestrante, não é aquele que se mede pelos índices econômicos, mas sim aquele onde o índice humano de sua população é consciente do seu desenvolvimento. “Tudo isso nos leva a uma situação muito parecida. Hoje quando as empresas, a sociedade e os políticos se articulam em defesa da flexibilização da CLT, nada mais é do que o retrocesso nos direitos dos trabalhadores”, disse.
Legado de luta
João Vicente é claro quando o assunto é o futuro que o brasileiro deve querer para si mesmo. “Lutar pelo Brasil vale a pena, e muito mais pelos trabalhadores, que constroem esse país e vão nos manter na justiça social e na democracia”, sentenciou. “Nos momentos difíceis temos que colocar nossas bandeiras na rua. Exigir não ao retrocesso”, bradou João Vicente Goulart.