SUEESSOR convoca Audiência Pública para discutir saúde em Itapevi
O Sindicato Único dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Osasco e Região – SUEESSOR – realizou na última quinta-feira, 17, uma Audiência Pública com a finalidade de debater denúncias feitas por trabalhadores do Hospital Geral de Itapevi (HGI).
Realizada na Câmara Municipal da cidade, sindicalistas do SUEESSOR, funcionários do hospital, membros da casa e representantes da população local e de outros sindicatos expuseram suas críticas à atual gestão do HGI, atualmente administrado pelo grupo Cruzada Bandeirante São Camilo, Organização Social (OSS) financiada pelo Governo do Estado de SP.
Dentre as principais queixas dos trabalhadores estão a falta de mão de obra e de atendimento médico, assédio organizacional, mau atendimento à população e desvalorização das condições de trabalho – salários baixos, falta de alimentação digna e de plano de carreira.
O buraco é mais embaixo
Antônio Gervásio Rodrigues, vice-presidente do SUEESSOR, abriu as discussões, criticando o processo administrativo do HGI desde sua concepção. “Trata-se de uma fuga do poder público: a responsabilidade que deveria ser do Estado é entregue à iniciativa privada”.
Em seguida, Juarez Henrique de Paulo, secretário-geral do SUEESSOR, expõe que “por mês, são cerca de 80 solicitações de vagas para os hospitais de referência da região e, desde que estou envolvido no processo, o HGI não abriu nenhuma vaga”.
Segundo o site da Secretaria da Fazenda do Governo do Estado de São Paulo, a Cruzada Bandeirante São Camilo tem contrato para administrar o HGI válido até dezembro de 2016. Firmado em dezembro de 2011, o acordo tem valor de R$410.465.000,00 pagos pelo Estado por cinco anos de gestão. Legalmente, o grupo também pode receber doações e estabelecer parcerias, o que aumentaria o valor final do montante a ser aplicado em recursos para os trabalhadores.
Hoje, a gestão do HGI não presta contas diretamente aos funcionários de como esse dinheiro é administrado.
Denúncias das trabalhadoras
Além das denúncias recebidas por meio de cartas dirigidas ao sindicato, quatro trabalhadoras compareceram à Audiência Pública para reforçar e acrescentar críticas à gestão do HGI.
As funcionárias reclamam de mau atendimento, assédio moral e afirmam terem sido coagidas, especialmente por outros colegas de trabalho a não comparecerem à Audiência. “O funcionário não tem atendimento digno, a gente é tratada pelos médicos igual a um animal. Já ouvi até um deles dizer ‘se eu soubesse que era funcionário precisando de atendimento, eu não atenderia’”, queixa-se Tatiana Lima, trabalhadora do setor de documentação e pesquisa do hospital.
Quatro eram os membros da diretoria do hospital que atenderam à Audiência, dos quais apenas Octavio de Carvalho, assessor de comunicação do HGI, pronunciou-se. “Sei que está longe de ser perfeita, mas acredito que a gestão do hospital está empenhada em melhorar”, disse o assessor.
Em nota enviada à presidência do SUEESSOR, a diretoria do hospital alega ter contratado 50 novos funcionários entre janeiro e junho desse ano, melhoria contínua no atendimento médico aos funcionários, Programa de Oportunidades Internas, além de constantes reformas no espaço físico do hospital e aprimoramento nos cardápios das refeições. Afirma ainda que estão em processo de criação de um novo canal de diálogo entre a diretoria e os trabalhadores.
A nova proposta
Insatisfeitos com as soluções apresentadas via e-mail pela direção do HGI, os sindicalistas do SUEESSOR sugerem com essa Audiência Pública que se institua uma comissão a fim de averiguar e negociar melhorias para os trabalhadores do hospital.
O comitê será formado inicialmente pelas quatro funcionárias presentes na Audiência e por membros do SUEESSOR. Desse modo, pretende-se pressionar a diretoria do HGI para a prestação de contas aos trabalhadores e população, além de demandar participação no controle do dinheiro público e proteger os funcionários de futuros abusos.
Em fala inflamada, Amilton Rodrigues, diretor suplente do SUEESSOR, assegura: “A empresa coage, amedronta, desrespeita, mas não admitimos assédio moral. Trabalhadores, o sindicato não vai desistir de vocês nunca!”.